Msg de Carlos Drummond de Andrade / Fotografia: Tiê-Sangue (Ramphocelus bresilius)


Mensagem do livro 'O Avesso das Coisas. Aforismos' em registro fotográfico de um Tiê-Sangue (Ramphocelus bresilius) que se revela em meio à Mata Atlântica, tornando-se o milagre de quem consegue eternizar aquele segundo.


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Fotografia
Tiê-Sangue (Ramphocelus bresilius)

          Espécie endêmica do Brasil, é a ave símbolo da Mata Atlântica e uma das mais espetaculares do mundo, O Tiê-Sangue (Ramphocelus bresilius), também conhecido como Sangue-de-Boi, Tiê-Fogo, Chau-Baêta e Tapiranga, é uma ave sul-americana passeriforme da família Thraupidae, reconhecida pela beleza de sua plumagem vermelha. Seu nome científico significa: do (grego) rhamphos = bico; e koilos, këlis, kelas = côncavo, marcado; e do (latim) bresilius = referente ao Brasil, brasileiro. ⇒ (Pássaro) brasileiro com bico côncavo. Mede entre 18 e 19 centímetros de comprimento e pesa entre 27,9 e 35,5 gramas.

          A plumagem do macho é de um vermelho-vivo, que deu origem ao nome. Parte das asas e da cauda são pretas. A espécie apresenta dimorfismo sexual, sendo a plumagem da fêmea menos vistosa, de cor parda nas partes superiores e marrom-avermelhada nas inferiores. O macho imaturo é semelhante à fêmea na plumagem, mas o bico é totalmente negro e não pardo. Uma característica importante do gênero Ramphocelus, e que ocorre exclusivamente no sexo masculino, é a calosidade branca reluzente na base da mandíbula. A vocalização de chamada (ou advertência) é muito dura. O canto é um gorjear melodioso e trissilábico, que costuma ser repetido sem pressa. Às vezes, alguns indivíduos vocalizam juntos.

          O TiêSangue é frugívoro, tendo predileção pelos frutos da embaúba. Como as árvores do gênero Cecropia são bastante comuns em áreas em recuperação, bem como em locais próximos a cursos ou reservas de água, o Tiê-Sangue, apesar de não raro ser vítima de contrabando, não se encontra imediatamente ameaçado de extinção. Alimenta-se também de insetos e vermes. Um fator que beneficiou a manutenção da população do Tiê-Sangue e de outros thraupídeos no litoral do Sudeste foi a extensiva cultura da banana, que fornece uma rica fonte de alimentação durante todo o ano, a um grande número de espécies. Aprecia os frutos da fruta-de-sabiá ou marianeira (Acnistus arborescens).

          Reproduz na Primavera e no Verão. Chega à maturidade sexual aos 12 meses, mas a soberba plumagem rubro-negra do macho só é adquirida no segundo ano de vida. Constrói o ninho em forma de cesto, que muitas vezes é forrado com materiais do tipo: fibra de palmeira, fibra de sisal, fibra de coco e raiz de capim. A fêmea põe 2 ou 3 ovos verde-azulados lustrosos, com pintas pretas, pesando em média 3 gramas. Apenas a fêmea incuba, no entanto após o nascimento dos filhotes, vários indivíduos alimentam a prole, inclusive machos. Seus ninhos costumam ser parasitados pela espécie vira-bosta (Molothrus bonariensis). As posturas ocorrem de duas a três vezes por temporada, com período de incubação de 13 dias, e os filhotes tornam-se independentes aproximadamente 35 dias após o nascimento. Durante o acasalamento os machos costumam levantar a cabeça verticalmente, exibindo ao máximo a base reluzente da mandíbula, para assim atrair a fêmea.

          Seu comportamento é semelhante ao da pipira-vermelha (Ramphocelus carbo), porém vive mais aos pares do que em pequenos grupos. Costuma frequentar comedouros. Encontrado exclusivamente no Brasil, da Paraíba a Santa Catarina, varia de incomum a localmente comum em capoeiras baixas, bordas de florestas, restingas e plantações, às vezes também em parques e praças de cidades.

Fonte: Site WikiAves

Autor da Msg
Carlos Drummond de Andrade (31/10/1902 - 17/8/1987)

          Nono filho de Carlos de Paula Andrade (fazendeiro) e Julieta Augusta Drummond de Andrade, Carlos Drummond de Andrade nasce na cidade mineira de Itabira do Mato Dentro. Estuda em Belo Horizonte e, em 1918, muda-se para Friburgo (RJ), sendo matriculado no Colégio Anchieta. Um ano depois, é expulso por "insubordinação mental", após um incidente com o professor de português, e volta para Belo Horizonte.

          Em 1925, casa-se com Dolores Dutra de Moraes e conclui o curso de farmácia em Ouro Preto, mas não exercera a profissão. No mesmo ano, funda com outros escritores "A Revista", que, embora só conheça três edições, será importante para a afirmação do movimento modernista mineiro. No ano seguinte, Drummond leciona Geografia e Português em Itabira e, então, muda outra vez para Belo Horizonte, a fim de ser redator-chefe do "Diário de Minas". Em 1929, deixa o "Diário de Minas" para ser auxiliar de redação e depois redator no "Minas Gerais" (órgão oficial do Estado). Em 1930, publica "Alguma Poesia", seu primeiro livro, numa edição de 500 exemplares (paga por ele mesmo), e se torna redator de três jornais simultaneamente: o "Minas Gerais", o "Estado de Minas" e o "Diário da Tarde".

          Em 1934, publica "Brejo das Almas" (200 exemplares) e assume um cargo público no Rio de Janeiro, como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação.


          "Sentimento do Mundo" é publicado em 1940, com tiragem de 150 exemplares. "Poesias" sai dois anos depois, pela José Olympio Editora. Em 1944, Drummond lança "Confissões de Minas" e, em 1945, "A Rosa do Povo" e a novela "O Gerente". Também em 1945, deixa a chefia de gabinete de Capanema, tornando-se editor da "Imprensa Popular", o jornal comunista de Luís Carlos Prestes. Meses depois, afasta-se por discordar da orientação do jornal. É então chamado para trabalhar no Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN). Apesar de exercer funções burocráticas até 1962 (quando se aposenta), o poeta se preocupa com a profissionalização do escritor e, sempre que possível, trabalha em prol dos companheiros de escrita.

          Drummond também traduz obras de autores como Balzac, Laclos, Proust, García Lorca, Mauriac e Molière. Na década de 1970, publica "Caminhos de João Brandão", "Seleta em Prosa e Verso", "O Poder Ultrajovem", "As Impurezas do Branco", "Menino Antigo", "Amor, Amores", "A Visita", "Discurso de Primavera e Algumas Sombras" , "Os Dias Lindos", "70 Historinhas", "O Marginal Clorindo Gato" e "Esquecer Para Lembrar". Na primeira metade da década seguinte, sairão "Contos Plausíveis", "O Pipoqueiro da Esquina", "Amar Se Aprende Amando", "O Observador no Escritório" (memórias), "História de Dois Amores" (infantil) e "Amor, Sinal Estranho".

          Em 1986, lança "Tempo, Vida, Poesia" e contribui com 21 poemas para "Bandeira, a Vida Inteira", edição comemorativa do centenário de Manuel Bandeira. No mesmo ano, sofre um infarto e fica 12 dias internado. Em 31 de janeiro de 1987, escreve o derradeiro poema, "Elegia a um Tucano Morto", que integrará "Farewell", último livro organizado pelo poeta. No Carnaval do Rio, é homenageado pela Mangueira com o samba-enredo "No Reino das Palavras". Em 5 de agosto, após dois meses de internação, morre sua filha, Maria Julieta, vítima de um câncer. O poeta fica desolado: seu estado de saúde piora, e ele falece 12 dias depois, aos 85 anos, de problemas cardíacos. É enterrado no mesmo jazigo que Maria Julieta, no cemitério São João Batista (Rio de Janeiro).

Fonte: Uol Educação

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